terça-feira, 14 de junho de 2011

Plenilúnio - Augusto dos Anjos



Desmaia o plenilúnio. A gaze pálida
Que lhe serve de alvíssimo sudário
Respira essências raras, toda a cálida
Mística essência desse alampadário.

E a lua é como um pálido sacrário,

Onde as almas das virgens em crisálida
De seios alvos e de fronte pálida,
Derramam a urna dum perfume vario.

Voga a lua na etérea imensidade!

Ela, eterna noctàmbula do Amor,
Eu, noctâmbulo da Dor e da Saudade.

Ah! Como a branca e merencória lua,

Também envolta num sudário - a Dor,
Minh'alma triste pelos céus flutua!

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